300: o outro lado da história | By : dudumarais Category: Portuguese > Movies Views: 1220 -:- Recommendations : 0 -:- Currently Reading : 0 |
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E naqueles dias cinza e tristes da guerra, Xerxes decide pôr em prática a sua tática mais baixa para conseguir a vitória sobre as tropas de Leônidas. Embora admirasse seu adversário, o rei admirava muito mais o sabor da conquista. A visão de exércitos derrotados em campo de batalha era um alimento para sua alma doentia.
À frente do numeroso exército, Ephialtes nutre ainda mais ódio por Leônidas e pelo que ele representava. O rei era a encarnação da crueldade, da exclusão, da segregação, do preconceito e da impiedade.
Olhar para Leônidas era olhar para os rostos das crianças submetidas à eugenia. Ouvir a voz potente do rei, era ouvir o choro dos bebês deixados à terrível sorte do abandono.
Durante todo o trajeto, o corcunda vê sua vida passar diante de seus olhos. Toda a dificuldade vivida ao longo dos anos, as humilhações, espancamentos, fome e frio. Consegue recordar com exatidão a maneira desprezível com Leônidas o havia olhado e ignorado o seu pedido para ser um de seus soldados. O rei e aquele cachorro raivoso que atendia pelo nome de Artemis, olhando para ele com o desdém que os adultos olham para as crianças.
“Levante o escudo o mais alto que conseguir.”
“Lutamos como uma impenetrável unidade. E é de onde tiramos nossa força.”
“Eu sinto muito, amigo meu. Nem todos nascem para isso”.
“Você pode curar os feridos, dar-lhes água, recuperar os corpos no fim das batalhas, carregar as armas, mas lutar não. Eu sinto muito, mas você não serve para ser soldado.”
Ali, parado no ponto mais alto, o corcunda observa a trilha que lhe daria a vitória de sua vida. A partir daquele dia, o gosto amargo da dor e das humilhações seria transferido para a boca do rei Leônidas e do seu fiel cachorro Artemis.
- Eu meu nome, em nome de meu doce Lassir e em nome de minhas duas filhas, hoje começará o meu triunfo. Eu entrarei para a história, como o homem que deu o primeiro passo para vencer o grande rei. Pela minha criança atirada ao precipício, pelo choro e pela dor dela, decreto o seu fim, Leônidas! – o corcunda fala de si para si em tom alto. – Em nome de todos os disformes privados da vida pelas regras malditas de Esparta, eu decreto sua morte, cachorro!
Uniformizado como se fosse um dos soldados, Ephialtes posiciona-se diante de soldados de verdade e estendendo o braço na direção do vale, indica a trilha a ser seguida para o encontro com os poderosos soldados de Leônidas.
E o mais sangrento embate inicia-se quando os Imortais tomam a dianteira.
Os Trezentos de Leônidas resistiram bravamente por seis dias nas Termópilas, impondo aos persas baixas impressionantes, em proporção ao seu número. Foram finalmente dizimados, não tendo restando nenhum soldado como testemunha do massacre.
Observando o resultado de sua batalha, Xerxes sorri amplamente, encantado pela visão.
- Até as rochas são testemunhas da coragem humana, glória e resistência desses espartanos!
O resultado horrendo da batalha chega aos ouvidos da Rainha Gorgo, que mesmo sendo forte e imponente, desaba pelo desespero e pela tristeza. Havia perdido o amor de sua vida, seu rei, seu amigo e sua alma. Sozinha, escondida em um canto, explodira em sua agonia. Mas em público, a rainha mantinha altiva e forte.
Ao seu lado, Lassir permanecia inexpressivo como se fosse a mais bela estátua de Esparta. O segredo de que Ephailtes havia falado era a divulgação do quartel general de Leônidas. O corcunda havia revelado o vale onde o exército poderoso de Leônidas escondia-se.
Havia conseguido convencer o corcunda a fazer o serviço sujo. Traição? De quem?
O resultado havia chegado aos seus ouvidos. Era a prova de amor do corcunda e o fim da arrogância de Leônidas. Agora, somente precisava direcionar sua raiva para o belo rei dourado. Sua alma sorria.
Os persas não tinham poupado esforços para a divulgação do resultado do massacre e para tentar humilhar ainda mais a nação espartana, tinham decapitado Leônidas e crucificado o seu corpo. A máscara da crueldade da guerra.
Sem pudores e tendo aproveitado o momento exato para sua vingança contra o corcunda, Xerxes incumbe pessoas para espalhar a informação de que a trilha fora divulgada pelo espartano Ephialtes, um disforme humilhado pelo rei, ao ser recusado como soldado.
Devido ao inverno intenso e as baixas sofridas, além que desejar recuperar-se fisicamente, Xerxes decide recuar e aguardar o final daquela estação. Estavam garantidos na vitória e nas invasões, por isso queria um descanso para saborear a vitória e repor suas energias.
Perdido em seu palácio, tendo apenas a companhia de seu séquito, Xerxes perde-se em pensamentos e evoca todas as lembranças de seus momentos breves com sua linda esposa. Recorda-se dos movimentos, a cor daqueles olhos poderosos e daqueles lábios quentes. E naquele instante sente crescer o ódio pela traição de Ephialtes, abusando de sua piedade e seduzindo sua arma valiosa contra os espartanos.
- Morte ao corcunda. Quero minha Lassir de volta.
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